terça-feira, 30 de março de 2010

Quarto dia

Diante do Deus Supremo foi entregue a essência do ser encontrado entre os adoradores do mal, fazendo com que ele tomasse uma decisão.
Mandou chamar Rum, deus do bem, e a esse foi delegado que tomasse conta da terra, em especial daquele vilarejo.
Rum agora tinha que encontrar seu representante, para que na terra pudesse combater o mal, transformar o ódio em amor, dar luz aos cegos de esperança.
Essa pessoa deveria ser pura, carregar em seu coração compaixão e amor, a ponto de ser uma representante do bem entre os mortais na terra.
Rum enviou seus corpos-luz à terra para encontrar essa pessoa. Era noite, mas a presença dos anjos a procura desse ser clareava por onde passavam, entravam nas casas, nas igrejas, nas tendas, cabanas e grutas a procura desse ser.
Cada ser encontrado, a luz branca se manifestava em seu corpo, uns, apresentavam ódio, acizentando a luz branca, outros adultério, furtos, inveja, ganância, isso não significava que estavam todos fadados ao mal, porém, para ser um mago, o coração , a mente e o corpo deveriam se fundir num só. Não adiantaria apenas fazer o bem, porém pensar no mal, não adiantaria com uma mão proteger e com a outra atacar, não adiantaria Ter a mente limpa, mas não se preocupar com a morada da mente, o próprio corpo.
E a luz branca buscava naquele vilarejo, passando por todos os lados onde existisse vida, assim, todas as luzes acompanhado com seus anjos se postaram diante de Qeb e Bnus, incorporando seus corpos, ambos, agregaram essa luminosidade onde nenhum mortal conseguiria ficar com os olhos abertos.
Qeb e Bnus se olhavam com indescritível ternura, suas mãos ainda entrelaçadas como elo eterno, tentavam compreender o que estava acontecendo.
As nuvens começaram a se movimentar freneticamente, a lua e o sol surgiram juntos numa eclipse absoluta, em volta dos dois, anjos completaram um circulo perfeito, sem tocar seus pés ao chão, olhando um para o outro pedindo aprovação através de olhares como se estivesse conversando telepaticamente e numa explosão de luzes coloridas surgiu o deus Run:

- EU SOU RUM, ESCOLHIDO PELO DEUS SUPREMO PARA PROTEGER ESSE VILAREJO E A VIDA DE TODOS QUE HABITAM... PROCURO UM SER REPLETO DE AMOR, COMPAIXÃO E ESPERANÇA, E DENTRE MILHARES DE PESSOAS COM IDADE PARA ASSUMIR UM COMPROMISSO, ENCONTRO VOCÊS DOIS, E A VOCÊS, ENTREGO O LIVRE ARBITRIO DA ESCOLHA DE QUEM ME ACOMPANHARÁ, POIS APENAS UM DEVERÁ VIR COMIGO, JÁ SABES QUE NÃO PODERÁ RECUSAR O MEU PEDIDO.
Bnus levanta os braços e grita:
- Por que nós! Nos amamos e vamos nos casar, você deverá escolher outro!
A luz que estava totalmente branca em Bnus, começa a azular, e depois a se acizentar, seus olhos enfrentava tamanha luminosidade para olhar diretamente para Rum colocando seu corpo diante de Qeb em forma de um escudo ou barreira para impedir que a levasse e se negando também em acompanhá-lo .
Qeb percebendo a ira de Bnus e sendo sabedora que sua recusa e a manifestação de Bnus poderia fazer com que toda a sua família fosse sacrificada, assim, puxou Bnus pelos braços, olhou fixamente para seus olhos e deixando escorrer lágrimas de tristeza ela disse:
- Meu amor, você sabe o quanto te amo e quanto desejei estar eternamente ao seu lado, mas minha vida não teria sentido, eu não suportaria um segundo da minha vida longe de você, porém, nós sabemos que nem eu , nem você podemos recusar...
Falando essas palavras, Qeb soltou as mãos de Bnus que relutava de corpo e alma em deixa-la partir e lentamente ela andou em direção de Rum com os braços abertos em sinal de oferenda de sua vida.

-Não! Não ... por favor, não... Bnus de joelhos ao solo, gritava e esmurrava o chão até verter sangue em seus braços.
Qeb, deu uma pequena pausa em sua caminhada olhando para trás e pela ultima vez olhou para Bnus como homem e lentamente se entregou a RUM.

Bnus chorava como uma criança, indefeso, apenas observando Qeb sendo guiada pelos seres de luz, sua tristeza, brotava em seu coração, a dor, a perda, as indagações, lhe deram espaço pela angustia que aos poucos gerava ódio, e se antes seus olhos brilhavam de amor, agora, seus olhos enxergam o vazio.

Saiu correndo tardiamente atrás tentando dar saltos aos céus, buscando em suas entranhas asas para voar para próximo de Qeb e trazê-la de volta, mas nada poderia ele fazer como um mero mortal contra um deus, fazendo-o desistir de lutar, fazendo-o desistir de viver.
Ele olhava em sua volta, e nada enxergava, andava, mas seus passos em nenhum lugar o levava, respirava, com lâminas cravadas em sua garganta, e lá, parava, debruçava sobre as ruínas, esmurrando-as.
Bnus permaneceu, a noite toda, sem coragem para viver, sem o por quê de viver, apenas se interrogando , pois se RUM era deus do bem, que tamanha crueldade teria que fazer com seu amor, que bem seria esse que lhe arrancava de seus braços a felicidade sem direito a lutar por ele... apenas perguntava milhares de vezes o por quê?

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