segunda-feira, 5 de março de 2012

Sem medo de viver...

Sentado na marquise de um prédio com aproximadamente vinte andares, observando por dias o cotidiano de algumas pessoas...
Percebi que algumas são felizes e outras extremamente tristes...
Observei um senhor trajado quase todos os dias de terno preto e gravata, que ao dar o primeiro passo na calçada, ele dava uma pausa, olhava para trás como se esperasse encontrar alguém se despedindo na porta, arrumava o nó de sua gravata e prosseguia sempre pela mesma rua, até mesmo o sinal vermelho do semáforo na esquina, se esforçava em sinalizar a luz vermelha o obrigando a parar, porém, ele aumentava o passo e continuava sem mais olhar para trás ou mesmo as pessoas que transitavam ao seu lado.
Observei também, uma senhora aparentando sessenta e poucos anos, com seu corpo curvo, apoiando-se passo a passo numa bengala,
Diariamente tinha como tarefa o trajeto para uma padaria próxima de sua casa, voltando ao seu lar com pacote de pães e um litro de leite...
Passava o dia todo sem eu perceber qualquer movimentação em sua residência e somente no dia seguinte, aquela senhora sai de dentro de sua casa em direção da mesma Padaria, sem saber ela, que a poucos metros a frente, havia outra padaria, assim, ela deixava de se exercitar mais e ser ainda agraciada com sabores de pães diferentes.
Ainda visualizei uma criança. Correndo e pulando sorridente ao se deslocar diariamente para sua escola, porém, a cada dia ela seguia caminhos diferentes, talvez para furtar em jardins alheios, flores com cores diversas para dar para suas professoras...
Percebi que os dias são diferentes, nunca iguais... mas as pessoas, em sua maioria, possuem olhares e atitudes repetidas diariamente.
Talvez essas pessoas possuem sonhos, novos projetos, talvez não e muitas dessas pessoas são tristes, pois transformam suas próprias vidas em rotinas sem novos projetos, por mais simples que esses possam a ser.
Não seria necessário o homem de terno e gravata colher flores em jardins alheios, para que sua vida deixasse de ser monótona, bastaria, pelo menos um dia, ele deixar de usar a gravata, e com o tempo que lhe sobraria em arrumar o nó, ele poderia deixar um beijo na esposa e em seus filhos, que despertariam com esse ato, lhe acompanhando até a porta, dando a ele o motivo pelo qual ele diariamente observa a porta em sua saída.
A senhora, poderia dar alguns passos a mais, fortificando seus ossos, na caminhada em outras padarias, assim, conheceria novas pessoas, exercitaria seu corpo e ainda iria saborear um novo pão...
Assim, sentado aqui, observo que há diversos caminhos para se viver, mas a maioria das pessoas escolhem o mesmo diariamente, pelo medo de se arriscar ou de encontrar desafios e até mesmo de sentir o amargo gosto de uma derrota, mas feliz é a criança, que se arrisca diariamente inserindo seu curto braço em grades e espinhos para a coleta de flores, essa, ainda tem em sua atitudes a ausência do medo e a vontade de viver...

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