quinta-feira, 1 de abril de 2010

Quinto dia


Qeb foi levada para uma gruta onde deveria ficar em repouso por sete luas para depois receber os dons e batizada com a luz divina.
Seus familiares foram comunicados através dos seres luz enviado por Rum, entre uma mescla de choro, tristeza e alegria, seus pais se abraçavam apenas recebendo o comunicado.
Nessa época, ser escolhido pelo deus da luz era uma dádiva, enquanto durasse a vida de Qeb, todos seus familiares seriam protegidos pelos seres de luz, eles saberiam encontrar caminhos de paz, solos férteis e os animais seriam viçosos e imunes as pestes, assim, Qeb teria que se preocupar apenas com a paz de todos naquele vilarejo, pois sua família já estaria protegida.

No dia seguinte, Bnus transtornado, circulava nas ruas sem coragem de chegar em sua casa, sem coragem de continuar a sua caminhada, encontrava amigos lenhadores indo para o trabalho cantarolando custumeiramente, mas o que seus olhos enxergavam era apenas a partida de Qeb e seus ouvidos estavam selados pela dor da perda.
Muitos de seus amigos o cumprimentavam e questionavam onde ele estaria indo num caminho oposto, andando como um vivo morto, sem piscar, alheio a tudo e a todos, apenas buscava forças para guiar seus próprios passos a lugar nenhum.

Chegando em casa, encontrando seus pais que já sabiam através dos pais de Qeb, encontrou o conforto dos olhos de sua mãe e um abraço de seu pai, mas até isso era insignificante naquele momento para ele.
Bnus entrou em seu quarto, pegou algumas pedras guardadas, sua adaga, um machado de mão, uma pequena mochila de couro, um cobertor e umas duas peças de roupa e saiu, encontrando seus pais ainda na porta, olhou para os olhos de sua mãe, olhou para os olhos de seu pai, deixou escapulir uma lágrima ao dar o primeiro passo em direção a rua, em direção ao futuro incerto de sua vida , agora, sem a presença de Qeb. Seus pais compreendiam o sofrimento do filho, e sabiam que não seria palavras naquele momento que livraria Bnus daquela tormenta. Aprisionando dentro de casa, seria como arrancar os olhos de um pássaro já sem asas, assim, apenas observaram a partida do filho, desejando que ele consiga se reencontrar a si mesmo e um novo significado para sua vida.

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